4 de mar. de 2009

Entrevista "PROFISSIONALIZAÇÃO DE TODOS OS FUNCIONÁRIOS: condição fundamental para micro e pequenas empresas se manterem em suas atividades"

Lembro-me de ter lido uma entrevista com o empresário Paulo Skaf numa edição da revista “Empresa Familiar” em 2005. Hoje, percebendo o agravamento da atual crise econômica mundial através das notícias veiculadas pela mídia, vejo aquela entrevista como uma previsão. Na entrevista, Skaf, que é presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, dizia que os rumos que a economia já estava tomando naquela ocasião apontavam a profissionalização como algo fundamental para evitar a falência de uma empresa.
A entrevista era sobre empresas familiares, como indica o próprio nome da revista, mas a “previsão” de Skaf tornou-se válida para qualquer tipo de empresa. No Brasil, a maioria das empresas familiares é constituída por micro e pequenas empresas. Elas são muito importantes para o país, inclusive quanto à manutenção de empregos - enquanto as empresas de grande porte adquirem robôs e outras máquinas sofisticadas que substituem pessoas, as micro e pequenas empresas que não têm condições para isto precisam de gente. Mas não precisam de pessoas que apenas queiram ser empregadas, e sim de pessoas bem capacitadas para as funções que terão que exercer. Precisam, portanto, de profissionalização. “Profissionalização não significa necessariamente a contratação de executivos para gerir o negócio. Profissionalização é organização, método, práticas eficazes de gestão, qualidade e trabalho responsável” - explicou Skaf naquela entrevista.
Algumas pessoas dizem que, apesar da crise, há empresas comprando empresas. Dizer que há empresas comprando outras é o mesmo que dizer há empresas que estão sendo vendidas. E vendidas por que? As razões podem ser várias, mas ninguém precisa ser um economista, um empresário experiente ou um exímio executivo para perceber que um dos principais motivos da venda é a falta de profissionalização. A empresa que é vendida necessita ser profissionalizada, e a empresa que a compra certamente já tem planos estabelecidos para “profissionalizá-la”.
Em momentos como os causados pela crise atual, creio que as empresas familiares e não familiares - sobretudo as pequenas e micro empresas - precisam atingir os potenciais de competitividade mais altos possíveis, e para isto não tem outra auternativa: têm que investir muito em propaganda e marketing. Para que o público consumidor saiba que seus produtos e serviços existem e podem ser adquiridos, é preciso que eles sejam amplamente divulgados. O problema, neste caso, é que a maioria dos pequenos e micro empresários pensa que “maketing” e “propaganda” são a mesma coisa. Cabe, pois, aos setores de comunicação esclarecer que existem diferenças e quais são elas.
É preciso que as seções de economia dos jornais, revistas, telejornais, etc., deixem sempre claro que ”propaganda” é a forma de tentar convencer o público consumidor, através dos veículos de informação (rádio, televisão, jornais, etc.), sobre as qualidades e vantagens dos produtos ou serviços que já se encontram à venda no mercado. Já a palavra “marketing”, talvez por ser proveniente do inglês e pelo fato de nem sempre os próprios profissionais de marketing e propaganda dominarem esse idioma adequadamente, é quase sempre confundida com “propaganda”, mas é um processo pelo qual a teoria e a prática se unem para apresentar, anunciar e efetivamente vender o produto ou o serviço. Em outras palavras, a propaganda diz “você deve comprar nosso produto” enquanto o marketing enfatiza “nós podemos vender nosso produto e o venderemos”. Isto significa que, embora sejam duas coisas diferentes, a eficiência da propaganda depende da eficiência do marketing, mas a eficiência dos dois setores depende fundamentalmente da PROFISSIONALIZAÇÃO de todos os funcionários da empresa.
Como conseguir a profissionalização? Para obter a resposta a esta pergunta, creio a melhor coisa que os pequenos e micro empresários poderão fazer é conversar com representantes de entidades de apoio a empresas. Dependendo da atividade da empresa, seria interessante procurar o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) , o Serviço Social do Comércio (Sesc), o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) ou órgãos municipais ou estaduais relacionados com atividades empresariais em sua cidade ou região.